Com grande
prazer vejo as análises brasileiras do baile que recebeu o Santos do Barcelona na
final da copa Intercontinental. Essa mesaredonda na SportTv me parece especialmente interessante: um dos
comentaristas lembra que o Flamengo que em 1981 foi campeão do mundo, arrasando
o Liverpool, tinha nove jogadores formados dentro do clube, o mesmo número de
formados pelo Barça no time que goleou o Santos. Em outro lugar, o Mano Menezes
lembrava que o Barcelona escolheu seu estilo de jogo há 35 anos e que essa
continuidade é um exemplo pro Brasil.
Outro
comentarista ressalta que não só o Barça joga com três defesas, como esses três:
Puyol, Abidal e Pique, sempre saem jogando e que ninguém nunca da um chutão,
como fazem a miúde os beques brasileiros. O Barcelona venceu o pessimismo do
Sócrates: o doutor achava que o físico já tinha se imposto no esporte e que,
por tanto, valia à pena ter muitos jogadores defensivos que não sabem tocar a
bola. A saída, para o Sócrates, era reduzir o número de jogadores em campo a
nove. Mas no Barcelona os onze, inclusive o goleiro, têm que saber sair com a
bola nos pés.
Mas é talvez
nesse pragmatismo denunciado por Sócrates que reside a miséria do futebol
brasileiro de hoje. Desde a década de 1980, o Brasil não tem um bom meio campo:
o modelo das copas de 1994 e 2002 era o de sete ou oito defesas com dois
(Bebeto e Romário) ou três (Ronaldiniho, Rivaldo e Ronaldo) atacantes. Na copa
de 2006, o número de atacantes era maior, mas a ausência de jogadores de toque
no meio campo impedia a possibilidade de um bom jogo.
No Barcelona, na
frente dos três defesas tinha sete jogadores de meio-campo, todos eles tratando
a bola maravilhosamente bem. Perguntado se havia algum segredo nisso, o técnico
do Barcelona, Guardiola, disse que não, que eles só tentavam passar a bola rapidamente,
que é como os pais e os avôs dele tinham dito que jogava o Brasil antes.
Quem sabe agora,
que os europeus estão jogando como os brasileiros, nós sempre tão eurocêntricos
não temos por vias tortas a possibilidade de regressar às nossas raízes? O
sentimento de humilhação expresso pelos analistas brasileiros é uma esperança.
A tristeza é que
uma reação agora já vai ser tarde para a próxima copa. A Espanha, em troca,
pode fazer muito bonito. Ela tem um problema com o gol – seus grandes
meio-campistas não têm muita habilidade para finalizar jogada – mas tá vindo aí
uma nova geração de atacantes: Fábregas, Pedro, Callejón ou Soldado que, se
conseguirem se consolidar, vão retransformar Espanha em armada invencível. Pelo
menos não vai ser a Argentina que ganhe nossa copa!
Vale a pena rever os melhores momentos: http://youtu.be/kp_P8CNRAgc
Que saudade da época em que o Brasil realmente era o Brasil do Futebol.
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