martes, 20 de diciembre de 2011

Lição brasileira ao futebol brasileiro

Com grande prazer vejo as análises brasileiras do baile que recebeu o Santos do Barcelona na final da copa Intercontinental. Essa mesaredonda na SportTv me parece especialmente interessante: um dos comentaristas lembra que o Flamengo que em 1981 foi campeão do mundo, arrasando o Liverpool, tinha nove jogadores formados dentro do clube, o mesmo número de formados pelo Barça no time que goleou o Santos. Em outro lugar, o Mano Menezes lembrava que o Barcelona escolheu seu estilo de jogo há 35 anos e que essa continuidade é um exemplo pro Brasil.

Outro comentarista ressalta que não só o Barça joga com três defesas, como esses três: Puyol, Abidal e Pique, sempre saem jogando e que ninguém nunca da um chutão, como fazem a miúde os beques brasileiros. O Barcelona venceu o pessimismo do Sócrates: o doutor achava que o físico já tinha se imposto no esporte e que, por tanto, valia à pena ter muitos jogadores defensivos que não sabem tocar a bola. A saída, para o Sócrates, era reduzir o número de jogadores em campo a nove. Mas no Barcelona os onze, inclusive o goleiro, têm que saber sair com a bola nos pés.

Mas é talvez nesse pragmatismo denunciado por Sócrates que reside a miséria do futebol brasileiro de hoje. Desde a década de 1980, o Brasil não tem um bom meio campo: o modelo das copas de 1994 e 2002 era o de sete ou oito defesas com dois (Bebeto e Romário) ou três (Ronaldiniho, Rivaldo e Ronaldo) atacantes. Na copa de 2006, o número de atacantes era maior, mas a ausência de jogadores de toque no meio campo impedia a possibilidade de um bom jogo.

No Barcelona, na frente dos três defesas tinha sete jogadores de meio-campo, todos eles tratando a bola maravilhosamente bem. Perguntado se havia algum segredo nisso, o técnico do Barcelona, Guardiola, disse que não, que eles só tentavam passar a bola rapidamente, que é como os pais e os avôs dele tinham dito que jogava o Brasil antes.

Quem sabe agora, que os europeus estão jogando como os brasileiros, nós sempre tão eurocêntricos não temos por vias tortas a possibilidade de regressar às nossas raízes? O sentimento de humilhação expresso pelos analistas brasileiros é uma esperança.

A tristeza é que uma reação agora já vai ser tarde para a próxima copa. A Espanha, em troca, pode fazer muito bonito. Ela tem um problema com o gol – seus grandes meio-campistas não têm muita habilidade para finalizar jogada – mas tá vindo aí uma nova geração de atacantes: Fábregas, Pedro, Callejón ou Soldado que, se conseguirem se consolidar, vão retransformar Espanha em armada invencível. Pelo menos não vai ser a Argentina que ganhe nossa copa!

Vale a pena rever os melhores momentos: http://youtu.be/kp_P8CNRAgc

miércoles, 14 de diciembre de 2011

No Peru, “modelo Lula” de governar é uma mina de ouro

Danilo de Assis Clímaco


Com a única aposta política de administrar a pobreza mediante bolsas, o governo Ollanta Humala procura impor uma mina de ouro com impactos ambientais incalculáveis a uma população organizada que, sustentada em estudos ambientais e socioeconômicos, advoga por um desenvolvimento agropecuário.

Yanacocha, a maior mina de ouro da América, cujo rendimento anual é próximo ao bilhão de dólares, está em atividade desde 1993 em Cajamarca, que se manteve nesses 20 anos como o quarto estado mais pobre do Peru.
O povo defendendo uma das lagoas a ser consumida pela empresa de mineração
Entre muitos danos sociais e ambientais, Yanacocha (nome de uma lagoa que a mina destruiu) contaminou rios, secou fontes de águas, derramou mercúrio em uma cidade, procurou intimidar e corromper o povo e as autoridades. Muitos setores da população (camponeses, ONGs, sindicatos, partidos políticos, a universidade local) vêm progressivamente fortalecendo sua posição crítica à mineração com uma série de propostas de desenvolvimento social e econômico sustentável.


No entanto, o governo peruano, cujo presidente Ollanta Humala foi eleito pelo Partido Nacionalista com apoio de parte da esquerda e com assessores brasileiros ligados ao PT, busca impor em Cajamarca uma segunda mina de ouro, denominada Conga, impulsionada pelo mesmo consórcio de Yanacocha, conformado pelas empresas Newmont, dos EUA e Buenaventura, do Peru. O projeto destruirá quatro lagoas, além de causar danos a fontes de água subterrânea e outros impactos ambientais que não podem ser calculados, pois o único Informe Ambiental a respeito foi considerado incompleto pelo próprio Ministério do Meio Ambiente.

A população, com o apoio do governador, manifestou-se massivamente contra o projeto, mediante uma greve geral de 14 dias, acatada por quase 200 povoados e desproporcionalmente reprimida pelo governo central com a declaração de Estado de Emergência em Cajamarca (o que somente governos militares tinham feito), detenção de dirigentes sociais e o não repasse a Cajamarca do orçamento estabelecido por lei.

Estas medidas militarizantes não apenas violaram os direitos da população, como causaram uma crise no governo que levou à substituição do primeiro ministro (com menos de quatro meses de governo) e à perda de poder das esferas mais à esquerda no governo. O novo primeiro ministro, até então ministro do interior, militar companheiro de Humala no exército, foi um dos estimuladores do endurecimento. Ante tais despropósitos, a Coordenadora Nacional pelos Direitos Humanos, Rocío Silva Santisteban, viu-se obrigada a lembrar Humala que não deve ousar “fechar o Congresso” como o fez Fujimori 20 anos atrás.

As alternativas propostas pelos povos de Cajamarca
Desde finais da década de 1990, quando ficou óbvio que não haveria a prosperidade anunciada por Yanacocha e pelo governo Fuijmori, os movimentos sociais em Cajamarca começaram a se intensificar.

As “rondas campesinas” (justiça comunitária), estabelecidas na década de 1960 para vigiar o roubo de gado e que nos anos oitenta e noventa conformaram a defesa das comunidades contra a guerra entre o exército e o terrorismo, passaram a dirigir seus esforços à contestação dos abusos de Yanacocha e outras empresas mineradoras que buscam estabelecer projetos na região (entre elas, a Vale do Rio Doce, que contratou ex-terroristas e ex-traficantes como “guarda-costas”).

Nas cidades, ONGs e a universidade desenvolveram estudos que demonstraram os impactos ambientais, além de oferecerem apoio político e jurídico aos afetados pela empresa mineradora ou criminalizados pela justiça. A igreja progressista se somou às lutas, assim como comitês de bairros afetados pela mineração.

Os sindicatos e partidos políticos de esquerda acataram as demandas sociais, sendo que os dois últimos governadores foram eleitos graças às campanhas anti-mineração. Estes governos contrataram equipes de engenheiros – muitos dos quais com uma formação política progressista – que, entre outras contribuições, desenvolveram com a participação da população a Zonificação Ecológica e Econômica (que permite estabelecer as potencialidades das diversas zonas de Cajamarca) e estão atualmente terminando o Ordenamento Territorial, que determinará quais zonas estarão aptas para quais atividades econômicas, inclusive a mineração.

Apesar do Ordenamento Territorial estar inconcluso, já há um consenso entre os movimentos sociais: a mineração pode e deve ser realizada, sempre e quando não extrapole determinados limites, entre eles o de não realizar-se em nascentes ou em bacias hidrográficas, como no caso de Conga.

Uma referência constante dos movimentos, é o Norte do estado, onde os camponeses, inclusive minifundistas, conformaram uma rede que exporta, entre outros produtos, café e cacau. Ainda que enfrentando revezes importantes, com disputas e dissensões internas, o avanço dos movimentos é importantíssimo, não apenas porque crescem em número, como porque avançaram em suas respectivas organizações internas, na articulação entre os movimentos e na concretude de suas propostas alternativas.

O estado atual do conflito e como apoiar Cajamarca
Há cinco dias a greve foi suspensa e o governo, em contrapartida, finalizou o Estado de Emergência. O projeto Conga está paralisado enquanto não se realiza um novo estudo de impacto ambiental, ao respeito do qual será difícil encontrar um consenso; a situação nos próximos meses continuará tensa e a atitude do governo nacional é a de procurar deslegitimar os movimentos sociais e enfrentá-los ao governo de Cajamarca.

Entre a democratização e uma catástrofe humana e ambiental…
Se as organizações de Cajamarca oferecem alternativas claras de desenvolvimento agropecuário, se a população de Cajamarca está em sua maior parte contra a mineração em nascentes, por que um governo nacionalista, com uma relativamente importante presença de esquerdistas em suas filas, se aliou incondicionalmente às empresas mineradoras?

O motivo é claro: o ‘modelo Lula’ de governar se estabeleceu no imaginário político da região: os ricos se fazem mais ricos e os pobres recebem bolsas, Rafael Correa ou Humala não tem vergonha de reconhecê-lo. O governo Humala se elegeu prometendo muitos programas sociais e, para cumpri-los, acreditou ser necessário um pacto com as empresas mineradoras: estas pagariam mais impostos a cambio de receberem apoio governamental para seus projetos impopulares.

E, ao parecer, não há um plano B. A política linha-dura em Cajamarca parece ser um aviso do que virá nos próximos cinco anos. Mas há indícios de que os movimentos sociais não vão renunciar tão facilmente aos avanços que conseguiram nos últimos anos. O cenário pode ser, então, o de um aumento progressivo da violência por parte do governo e das empresas. A criação de exércitos paramilitares, formado por contingentes de ex-terroristas e traficantes, e uma escalada da violência semelhante à que se vive em México é uma terrível, porém factível, possibilidade.

jueves, 8 de diciembre de 2011

Cajamarca - pronunciamento pelo levantamento do Estado de Emergência


Amigxs, traduzi ao português este documento sobre a grave situaçao que vive Cajamarca hoje. Abçs. Danilo. ABAIXO HÁ BELAS FOTOS

Para novas adesões, enviar e-mail a congapronunc@gmail.com, preferência com nome completo (pessoal ou institucional), nacionalidade e número de documento.

PRONUNCIAMENTO:
IMEDIATO LEVANTAMENTO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA EM CAJAMARCA!

Frente à decisão do governo peruano de declarar o Estado de Emergência em quatro distritos da região de Cajamarca e frente à intervenção das Forças Armadas como resposta aos protestos pacíficos contra o projeto mineiro Conga, da empresa mineira Yanacocha, manifestamos:

  1. O projeto Minas Conga implicaria, entre outras coisas, a destruição de quatro lagoas e a construção de um poço aberto sobre cinco bacias hidrográficas. Pelo tamanho colossal do projeto e por sua localização, terá consequências incalculáveis contra o meio ambiente, a biodiversidade, a saúde humana, a agricultura e a pecuária.
  2. Longe de ser produto da “manipulação” de grupos “radicais”, como sugeriram grupos de poder e setores do governo, os protestos são legítimos e mostram a real preocupação de um povo que conhece os impactos da mineração a céu aberto, depois de quase 20 anos de presença da empresa mineira Yanacocha em Cajamarca.
  3. O conflito em Cajamarca é parte de um cenário muito mais amplo de ausência de uma política nacional para o desenvolvimento rural, com ênfase especial na pequena agricultura (andina), e de conflitos provocados por uma atividade mineira sem regulação, que não contribui adequadamente ao desenvolvimento sustentável local, frequentemente vulnera os direitos das populações locais e danifica o meio ambiente.
  4. O Diálogo sempre é o caminho idôneo para resolver os conflitos em democracia. No entanto, para tal se requer a boa fé das pares, paciência e vontade para considerar todas as possíveis saídas do conflito.
  5. Pelas séries de objeções técnicas, como as expressas pelo Informe do Ministério do Ambiente, e a massiva recusa da população de Cajamarca e de outros lugares do país, o diálogo deveria implicar considerar a possibilidade de cancelar o projeto Conga. Porém, o governo insistiu que o projeto tem que ir de todas as maneiras, e que o diálogo somente serve para definir as condições necessárias para que haja “mineração responsável”.
  6. A declaração de Estado de Emergência revela que as organizações sociais e os conflitos estão sendo tratados tal como no governo anterior. Longe de reconhecer a legitimidade dos protestos e de seus líderes, procura-se “resolver” os conflitos mediante o uso da força, da militarização e da criminalização, o que faz que mantenhamos sérias dúvidas sobre se o governo peruano tem ou não vontade de diálogo sobre o futuro da zona e a (in)viabilidade do projeto Conga.
  7. Enquanto o Estado tem a obrigação de proteger seus cidadãos, inclusive durante situações como o Estado de Emergência, segundo os tratados internacionais e o marco constitucional, é responsabilidade direta do Presidente da República qualquer situação de grave vulneração de direitos que possa ocorrer.

Por tanto:

  1. Nós nos solidarizamos, do lugar no mundo em que nos encontramos, com a luta do povo cajamarquino, e subscrevemos seu pedido de declarar inviável o projeto Conga, pelas razoes técnicas e sociais sustentadas pelas autoridades e pelos dirigentes da zona.
  2. Recusamos energicamente a declaração de Estado de Emergência em Cajamarca, uma vez que ela piora as condições para um diálogo real sobre o projeto Conga entre as partes involucradas, e poderia gerar situações de violência, repressão e militarização.
  3. Alertamos que esta medida pode ser um precedente perigoso para a política deste governo em relação aos conflitos sociais, pois tal medida está respaldada por um marco legal que tem, inclusive, uma demanda de inconstitucionalidade no Tribunal Constitucional.
  4. Recordamos ao presidente Humala que os protestos em Cajamarca expressam a vontade de mudanças reais no atual modelo de desenvolvimento, que ele mesmo prometeu impulsionar em sua campanha para a Grande Transformação do Peru, quando falou de defender a água, a terra e a vida de todas e todos os peruanos.
  5. Invocamos que o governo peruano receba este questionamento e realize as mudanças prometidas, construindo junto com a população um modelo autenticamente descentralista e democrático, onde as pessoas possam decidir sobre suas vidas, utilizando ferramentas como a organização territorial, a zonificação econômica e ecológica participativa, a revisão técnica e independente dos Estudos de Impacto Ambiental, e mecanismos de consulta prévia, livre e informada, superando o extrativismo primário exportador para impulsionar um desenvolvimento sustentável. Esse é o caminho que o povo peruano expressou nas passadas eleições presidenciais, e não a militarização dos conflitos para garantir projetos de mineração que financiem “programas sociais”.

Para tal é necessário que se levante de imediato o Estado de Emergência e se inicie um processo de diálogo real, que retome os acordos conseguidos no domingo passado entre a delegação presidida pelo Premier Lerner Ghitis e as autoridades e dirigentes de Cajamarca, pelas objeções técnicas, sociais e políticas apresentadas pelas organizações sociais e autoridades locais e regionais de Cajamarca. Finalmente, para evitar que estes cenários sigam se repetindo, requer-se de uma nova institucionalidade orientada a garantir os direitos ambientais e sociais das comunidades e do povo peruano em geral.

Lima, 5 de dezembro de 2011

AcSur Las Segovias
Movimiento por el Poder Popular
Movimiento Tierra y Libertad
Programa Democracia y Transformación Global
Novas adesões


O povo defendendo uma das lagoas a ser consumida pela empresa minera:

:


La Plaza de Cajamarca con el pueblo...



... e com o exérctio alguns dias depois:


martes, 6 de diciembre de 2011

Cajamarca - urgente

Traduzi esse documento aparecido na web de Chugo y batánForam hoje à tarde (6/dez/11) presos meu amigo Milton Sánchez e outros líderes que lutam pela não imposição de um projeto mineiro sobre quatro lagoas em Celendín, região de Cajamarca, no Peru:

Denunciamos à opinião pública nacional e internacional que o CPC Milton Sánchez Cubas, Presidente da Plataforma Interinstitucional Celendina, o dr. Wilfredo Saavedra Marreros, Presidente do Frente de Defesa Ambiental de Cajamarca e outros dirigentes cajamarquinos, foram detidos pelos esbirros da Polínica Nacional do Peru, em Lima, em circunstâncias em que organizavam uma conferência de imprensa para dar a conhecer a situação que vive Cajamarca ante a declaração de Estado de Emergência por este governo, no último dia 4 de dezembro. Responsabilizamos este governo e suas forçar repressoras pela integridade física de nossos dirigentes populares. De Chungo e Batán alçamos nossa voz de protesto e exigimos sua imediata liberação. Viva Celendín! Viva Cajamarca! Viva o Peru! O povo vencerá!

domingo, 4 de diciembre de 2011

Muere Sócrates, futbolista insumiso

 “Los futbolistas somos artistas y, por tanto, somos los únicos que tenemos más poder que sus jefes”, dijo Sócrates una vez. Ello solo habrá sido totalmente verdad en la época de la Democracia Corinthiana, de la cual él fue parte. Esta experiencia única en el fútbol brasileño, que duró entre 1982 y 1985, consistió en la toma de decisiones colectivas sobre los más variados temas: cuales jugadores serían contratados, a cuales no se les renovaría, cuales jugarían. Abolieron también las concentraciones. Las decisiones eran tomadas por los votos de jugadores, comisión técnica, directivos y trabajadorxs, valiendo lo mismo el voto del presidente del club, el de cada una(o) del personal de limpieza o el de un jugador suplente.

La experiencia fue interesantísima: si a finales de 1981 la pésima gestión económica había supuesto una peor campaña deportiva, en los siguientes dos años el Corinthians ganó dos títulos del campeonato paulista y no sólo se saldaron las deudas, sino que la caja del club registró un positivo de tres millones de dólares. Además, el equipo estampó en sus camisas frases de apoyo a la lucha por el regreso a la democracia en el país.

Pero tras dos años de malos resultados deportivos (1984 y 1985) y la progresiva importación del modelo empresarial europeo de gestión deportiva en el país, la democracia se deshizo. Nuevamente y como casi siempre, los jefes del fútbol volvieron a utilizar la sangre de los artistas para vivir. El eterno problema del fútbol y del mundo: la expropiación del poder.

Sócrates intentó entonces suerte en la Fiorentina, pero le fue muy mal: en el equipo había una división entre dos grupos y Sócrates hizo que todos se sentaran en una mesa para conversar y logró con ello la enemistad de todos. Se fue de Italia, además, con la fuerte sospecha de que sus ex-compañeros amañaban partidos.

Entonces recibió una invitación para jugar en el Flamengo, la cual aceptó porque le fascinaba la idea de jugar con Zico. Pero igual le fue mal: se lesionó por un tiempo, jugó tres partidos con Zico y este se lesionó. Al final, después de ocho meses en los cuales nunca le pagaron, se marchó.

Se fue entonces al Santos, para terminar su carrera con otra mala experiencia. Basándose justamente en la fama de Sócrates, el Santos logró un contrato para hacer algunos juegos por Asia. Una vez allá, los dirigentes del equipo empezaron a aceptar otras invitaciones, explotando al máximo la salud de sus jugadores, por lo cual Sócrates se tomó un avión de regreso.

Aparte de sus carrera en los clubes, fue capitán de la más bella selección brasileña de los últimos 30 años, la del Mundial de España de 1982.

Fuera de los campos, ejerció de médico y escribió por muchos años una columna en la revista ‘de izquierda’ Carta Capital, en dónde defendía el fútbol-arte y denunciaba la corrupción generalizada en el deporte. Fue por un tiempo también entrenador y buscó implementar ‘democracias’ en sus clubes y aunque disfrutó de las experiencias, se reía de los conservadores que eran los futbolistas en el ejercicio de su autodeterminación.

Pero parte de su insurgencia estaba en el consumo del alcohol y del tabaco. En este año tuvo fuertes infecciones hepáticas que lo llevaron a ser internado tres veces. Tardó mucho en caer en la cuenta de los males que puede causar el alcohol. Había hablado con sus amistades que iniciaría una campaña de reflexión al respecto. Pero no le alcanzó. Nos dejó hoy día, a sus 57 años. Día en que el Corinthians ganó y le dedicó su quinto campeonato brasileño.

Vai na paz, doutor Sócrates.

Danilo de Assis Clímaco

domingo, 19 de junio de 2011

Género, sexualidad y colonialidad del poder

Aquí está la sumilla con justificativa y bibliografía del curso que dicté en Flora Tristán, en Lima, en julio del 2011, quedó fea la inserción de estos cuatro jpg en el blog, pero se deja leer:




lunes, 6 de junio de 2011

El placer de reírse de la derecha

(dibujos de Carlín)

Toy feliz, voy por la calle, recuerdo a PPK y Castañeda peleándose como niños ayer en la tele y me río. Recuerdo que hace tres días, inducido por encuestas canallas, creí que Keiko ganaría y me deprimí. Y entonces me río de la encuesta que engaña pero no gana. Y me imagino a Keiko super triste por su padre que se va a pudrir en la cárcel y me da pena, pero se me pasa rápido y me río de su esperanza frustrada. Habrán dormido con el dolor de la derrota en sus corazones, como dice mi amigo Bruno, jajaja. Me río a carcajadas en medio de la calle cuando me acuerdo que Rafael Rey y Rey casi llegó a ser vice-presidente. Me parece justo con la historia el que haya sido la barbaridad perpetradas hacia 300 mil mujeres esterilizadas lo que

sensibilizó a mucha gente contra la dinastía fujimorista, aunque la gravedad de eso no me hace reír. Pero sí me río de las caras frustradas de periodistas no vendidos sino simplemente tontos. Y me emborraché ayer con cinco licores diferentes y abracé a gente que recién conocía (incluso a un Keiko-korazón). Y entro en el Facebook a cada rato para ver la alegría de mis amistades y su rabia dignísima.


Es nuestro momento, porque después que la izquierda empiece a montar su gobierno ya la cosa no será tan graciosa. La derecha se recompone rápidamente, se pelean y se matan entre ellos, pero quedarán los más fuertes y además tienen hijos: dentro de poco estará la hija de Keiko y nieta de Alberto Fujimori que además de nipona es medio gringa, la auténtica PPKeiko y que las diosas nos libren. Por eso hay que estar alertas, no podemos vivir siempre riéndonos de la derecha: ellos son torpes, carniceros, se roban a todo el mundo y entre ellos, burros, contradictorios, pero parte de todo ello es que nos riamos: reír nos hace creer un poco superiores, nos recompensa y eso a ellos les conviene, porque dejamos de pensar y actuar.

Ya me puse triste escribiendo esto último y no es la hora, pensar es para después, pero es fácil volver a ser feliz, por ejemplo, recordando que ellos la tenían fácil, era no más dejar a Toledo ganar, pero noooooooo: codiciosos, racistas, se ven más reconocidos en blancos como AGP o PPK, a quienes les da completamente igual eso de distribuir renta. Toledo es bien de derechas, pero cerca de esos es la madre Teresa, por eso se lo bajaron, se inventaron a PPK y se jorobaron. Que risa me da. Un poco de asco y de disgusto con la humanidad, pero mucha risa.

Y me encanta que se hayan tenido que bajarse, callar y ocultar a Vargas Llosa, huhahahaha, élite de mierda, solo piensan en plata y lo que más tenían que les acercaba a Europa, su nobel, lo prefirieron ultrajar: son tan asquerosos que incluso su gigante complejo de no ser totalmente blancos europeos es menor que sus ganas de tener más y más plata. Jajaja, no me había dado cuenta de esto ¡Que rabia feliz! La derecha se quedó solo lo que es: mierda con plata. Y la tal conciliación es un rollo, he trabajado con hombres autores de violencia contra pareja y sé que hay reconciliación cuando hay distribución de poder. Obviamente como ustedes tienen mucho poder, voy a decirles buenos días cortésmente, porque somos débiles y no hay como meterles en la cárcel como se merecen. Y ya se me fue la felicidad otra vez, pero ya volverá y la rabia y la dignidad moral me hacen bien ahora. Jajajajaja ya estoy feliz otra vez.

¡Y viva tanta gente buena que lucha y lo feliz que somos de conocernos! ¡Les quiero!

¡Y Rafael Rey y Rey no es nuestro vice-presidente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!









viernes, 27 de mayo de 2011

El 15-M también bebió del fútbol


Uno de los lemas principales del 15-M (iniciado en Madrid, extendido a otras ciudades españolas y luego a Portugal y Grecia) dice: “Democracia real ¡YA! No somos mercancía en manos de políticos y banqueros”, es decir, se confronta a las dos áreas de poder copadas por las élites: la política representativa y el mercado, utilizadas para controlar a las gentes en todas las áreas de su existencia.
 
Y las gentes responden, necesariamente, de todas las áreas de su existencia. De sus experiencias afectivas, políticas, económicas, estéticas, etc. La indignidad de saberse privadas de la posibilidad de decidir sobre sí mismas(1) hizo que una buena cantidad de gente estallara. Seguramente ello fue resultado de muchos aprendizajes colectivos, y lo que aquí defiendo es que muchos de estos se dieron con el fútbol.

Desde los 80 se gesta en España un fútbol de técnica y habilidad exquisitas. La Quinta del Buitre hizo el Madrid ganar 5 títulos, luego, a inicio de los 90, surgió el Dream Team del Barcelona, que coexistió con otros dos grandes equipos: el Zaragoza de Víctor Muñoz y el Tenerife de Jorge Valdano. Después, vinieron los nuevos títulos europeos del Madrid pré-galáctico con una gente intachable como Del Bosque, Raúl o Hierro, el Barça de Rikajard y Ronaldinho y ahora el Pep Team de Messi, Iniesta, Xavi y otros jugadores formados dentro del club.

Al inicio, la selección fue inmune a esta revolución: los entrenadores, Clemente en los 90 y Camacho a inicios del 2000, elegían a los jugadores según su fuerza física y capacidad para adaptarse a sus designios estratégicos, no era posible que aquellos jugadores que les gustaban a todos tuvieran en la selección las mismas oportunidades que en sus clubes. Y España se quedó 40 años sin ganar título alguno. Pero al asumir Luis Aragonés el seleccionado, se apostó por los “bajitos y flaquitos” y España ganó una Eurocopa deslumbrando. En la misma línea serían luego campeones del mundo, con jugadores tan sencillos como Puyol e Iniesta que, ajenos al estrellato, casi pidieron disculpas por haber sido ellos y no otros los que metieron los goles decisivos. 

El país ha quedado maravillado y justamente orgulloso no solo de haber ganado sino del modo cómo se hizo: mediante un fútbol brillante, hecho por los pies de jugadores súper habilidosos. El gran aprendizaje viene de la plena consciencia de que los argumentos de que en el fútbol moderno el talento tiene que estar supeditada a la fuerza y a la estrategia son falsos (2) y que más bien el predominio de la habilidad, deseado por todos, no es solo posible, sino que es lo mejor que se puede hacer.

Ahora la consciencia que se manifiesta en el 15-M es la de que la democracia representativa y el mercado también nos han estado engañando y que no es necesario que nuestras habilidades, vidas, ganas o pasiones tengan que estar supeditadas a ellos. Podemos y debemos autogobernarnos del modo que nos dé la gana.
…………………………………………………………

(1) Recordemos no más que el PP colocó a España en la Guerra de Irak desobedeciendo manifestaciones multitudinarias. 

(2) De hecho, la necedad no tiene límites, cuando España ya deslumbraba en la Eurocopa del 2008, Clemente aun salió a decir que su seleccionado de los 90 era mejor por ser más fuerte. Por eso nunca ganó nada.

pd: este artículo puede parecer un refrito de uno mío anterior, pero que culpa tengo que la gente se haya montado ese follón antes de que mis ideas avanzaran algo más: Aprender a perder sin perderse. Brasil, Holanda y España en los Mundiales: http://pensarjusto.blogspot.com/2011/04/normal-0-21-false-false-false.html
Y Fuerza Barça, que hoy le ganamos al Manchester!!!

jueves, 5 de mayo de 2011

Anarquia Futebol Clube

Bueno, tras mucho tiempo sin publicar nada, me dio la gana publicar este reportaje de Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/anarquia-futebol-clube)

Ah, el site de la gente de Autônomos es www.autonomosfc.com.br

Anarquia Futebol Clube



Time de futebol amador desmonta hierarquia, escala jogadores como técnicos ou dirigentes, e faz o esporte voltar às origens lúdicas na várzea de SP. Por Leonardo Calvano. Foto: Raphael Sanz
Sábado à tarde em São Paulo. O cenário: o campo de futebol amador do Baruel, tradicional time de várzea da Casa Verde, Zona Norte, um dos poucos que ainda resistem à especulação imobiliária da capital paulista. Em campo, o Autônomos FC enfrentava o EC Juva, em duelo de preparação para os Jogos da Cidade, evento esportivo organizado pela prefeitura.
À beira do gramado de terra batida, um dos integrantes do Autônomos vestia uma camisa da seleção argentina e tentava aos berros orientar os companheiros sobre a marcação. Ao contrário do que pode parecer, o sujeito com a camisa argentina não era o técnico, pois no Autônomos FC não existe técnico nem capitão. O time é administrado de forma coletiva e sem divisões hierárquicas; todos opinam e decidem em conjunto o que fazer em campo. Jovens cabeludos, tatuados e usando piercing e alargadores, alguns franzinos e outros fora de forma, vestiam uniforme preto, branco e vermelho, com o escudo que remetia à letra “A”, símbolo do anarquismo. São músicos, jornalistas, ativistas, professores e profissionais de diversas áreas, formados em universidades conceituadas ou não.
A mistura naquele dia não deu certo: o time perdeu para o EC Juve por 3 a 0. No entanto, o resultado não é objetivo final, e sim resgatar a paixão pelo futebol de maneira mais democrática possível. Assim surgiu o Autônomos FC durante o Carnaval de 2006, em um encontro anual em Belo Horizonte. Danilo Cajazeira, o Mandioca, que ajudava a organizar em São Paulo a Copa Autonomia (torneio de futsal sem juízes e aberto a todos), e Maurício Noznica, integrante do Ativismo ABC (coletivo que defende a autogestão em todas as esferas) pensaram em montar um time após um debate sobre torcida uniformizada e política. Convidaram times da Copa Autonomia para fundar uma única equipe.
Leia também:
Romário contra a Fifa

Ainda existe identidade no futebol

Hoje, são mais de 75 membros divididos em dois times de futebol de campo masculino (A e B) e uma equipe de futsal feminino. “Queríamos antes de tudo nos divertir, independentemente de ter técnica, idade ou habilidade. E de fazer tudo de forma horizontal, sem ninguém mandando em ninguém. Nunca fomos um time anarquista em termos de posicionamento político, mas estes valores sempre foram os condutores da organização interna do time”, conta Cajazeira. Além de futebol, o Autônomos também promove palestras, debates, música, além de intercâmbio político, cultural e social.
Quem faz o quê e quando?

Time não tem técnico nem capitão. Ou melhor: todos são técnicos e todos são capitães. Foto: Raphael Sanz
A divisão das funções dos integrantes da equipe está ligada às possibilidades de cada um, sejam elas financeiras, de tempo ou disposição. Cajazeira organiza o grupo fora das quatro linhas. “Ele daria uma aula para qualquer cartola profissional por aí”, conta Gabriel Brito, um dos integrantes. “Arrecadamos dinheiro internamente, cada um doa o que pode. Vendemos material do time. Também fazemos festas, rifas e todas as coisas que todo time de várzea está cansado de fazer para existir num país em que o suporte para o esporte amador é próximo de zero”, explica Brito.
“O Maurício procura organizar dentro de campo, mas também é preciso alguém de fora. Então o técnico acaba sendo alguém que está contundido ou na reserva”. Essa função, segundo ele, é encarada da mesma forma que a de lateral-direito ou de ponta-esquerda. “O técnico não manda, ele organiza e sempre escuta todo mundo”, afirma. “Existe muito time de várzea bom que não tem técnico. O problema é que no profissional tiraram a autonomia do jogador e o tratam como criança”. Também não existe uma seleção de jogadores, é só chegar e ir se adaptando ao time. “Tem gente que antes do Auto nunca tinha jogado futebol de campo na vida”.
Além de promover atividades ligadas ao futebol, eles participam do Movimento pelo Passe Livre (MPL) e organizam eventos junto à Frente de Luta por Moradia (MFL) e à Associação Nacional dos Torcedores. “Também temos planos de começar um time com crianças de rua e recentemente fizemos uma campanha de arrecadação para compra e distribuição de cobertores aos moradores de rua”, completa.
Uma sede social e cultural
O Autônomos FC recentemente criou um novo espaço que servirá também com sede do coletivo. A Casa Mafalda – nome dado em homenagem a personagem do cartunista argentino Quino e uma menção ao bairro Chácara Mafalda, que abrigava o primeiro campo do time – funciona no Estúdio Fábrica Lapa, Zona Oeste e pretende ir além do futebol. “Pretendemos organizar tudo o que for de acordo com nossos princípios. Festas, debates, palestras, exposições e oficinas. Queremos um lugar de convivência, sem individualismo e sem aquela relação comercial como na maioria dos espaços”. Além disso, atividades com a comunidade já estão sendo planejadas. “Já recebemos propostas de aulas de teatro e yoga”, completa Cajazeira.
O grupo se mobilizou nas redes sociais para arrecadar a verba necessária para a construção da sede e do espaço cultural. Vale ressaltar que, enquanto muitos discutem a transparência das contas do dinheiro usado pela organização da Copa do Mundo de 2014, em seu site o grupo declara todos os valores que entram e saem.
Experiência no exterior
No ano passado, o Autonômos FC viveu sua primeira experiência internacional na Copa do Mundo Alternativa, em Yorkshire, Inglaterra, após convite dos Easton Cowboys&Cowgirls, time fundado em 1992 dentro do mesmo conceito. “Eles viraram nossos parceiros. Já jogaram em Chiapas, no México, com os Zapatistas, na Palestina e na Índia, e fazem parte de uma extensa rede de futebol alternativo, muito comum na Europa e nos Estados Unidos”, conta Cajazeira. “Esse campeonato funciona dentro do princípio ‘faça você mesmo’, sem patrocínios e nem empresas terceirizadas. Os próprios times organizam a tabela, um faz a arbitragem do outro e, durante as noites tem festa, música e muito bate-papo.”
Para muitos integrantes que vieram do movimento punk e anarquista, a experiência foi ainda mais rica, já que eles se hospedaram em squats ingleses, as famosas casas ocupadas. “Passamos 10 dias em um. Aprendemos demais sobre organização, enfrentamento com o estado e a polícia, e sobre internacionalismo. Trouxemos muitas coisas para nossas práticas, tanto dentro como fora de campo”.
O próximo compromisso no exterior será em Jesús Maria, na Argentina, em 2012. A Copa América Alternativa surgiu da parceria com o time local Clube Atlético Social y Deportivo Ernesto Che Guevara, fundado há quatro anos com as mesmas ideias e ensinamentos socialistas propagados pelo líder revolucionário, que viveu próximo de lá, em Córdoba. “A ideia é integrar através do futebol crianças e jovens de todas as classes sociais para ajudar na formação delas como pessoas, reforçando valores pregados por Che, como solidariedade e dignidade”, contou Mónica Nielsen, presidente do clube de Córdoba, uma das sedes da Copa América.
Conheço o site da equipe: www.autonomosfc.com.br